sábado, 23 de maio de 2009

DRAGÃO DO MAR E A REVOLTA DA CHIBATA

Quem foi o Dragão do Mar.
Francisco José do Nascimento.
Nasceu em Canoa Quebrada, Aracati, Ce, no dia 15 de abril de 1839. Conhecido também como Chico da Matilde. Filho do pescador Manoel do Nascimento e de Matilde Maria da Conceição. Bem jovem perdeu o pai sendo criado por outra família, a partir dos 8 anos. Só aos vinte anos é que aprendeu a ler. Jangadeiro, considerado o maior herói popular em prol da libertação dos cativos no Ceará. Era chefe dos catraieiros (condutor de botes) no precário porto de Fortaleza. Em 1859 trabalhou nas obras do porto de Fortaleza e iniciou o trabalho de marinheiro num navio que fazia a linha Maranhão - Ceará. Em 1874 foi nomeado prático da Capitania dos Portos, convivendo com o drama do tráfico de escravos e sendo mulato, se envolveu na luta pelo abolicionismo, e uma de suas atitudes foi o fechamento do Porto de Fortaleza ao tráfico de escravos para as outras províncias. Tendo assumido o cargo em 1874, foi exonerado em 1881, por ter liderado o movimento praieiro contra o desembarque dos escravos em terras cearenses. Em 1884 quando o Ceará libertou os seus escravos, Dragão do Mar foi ao Rio de Janeiro levando no barco negreiro Espírito Santo, a jangada com a qual havia participado da greve. A embarcação foi doada ao Museu Nacional, tendo posteriormente desaparecido do acervo do museu. Em 3 de março de 1889, por ordem do Imperador foi reconduzido ao cargo, o qual havia perdido com o envolvimento nas lutas abolicionistas. Em 1890, recebeu a patente de Major - Ajudante de Ordem do Secretário Geral do Comando Superior da Guarda Nacional do Estado do Ceará. Faleceu em Fortaleza, Ce, no dia 6 de março de 1914.
Revolta da Chibata A Revolta da Chibata ocorreu durante o governo de Hermes da Fonseca, em 1910. Foi um levante de cunho social, realizado em subdivisões da Marinha, sediadas no Rio de Janeiro. O objetivo era por fim às punições físicas a que eram submetidos os marinheiros, como as chicotadas, o uso da santa-luzia e o aprisionamento em celas destinadas ao isolamento. Os marinheiros requeriam também uma alimentação mais saudável e que fosse colocada em prática a lei de reajuste de seus honorários, já votada pelo Congresso. De todos os pedidos requeridos, o que mais afligia os marujos eram os constantes castigos a que eram sujeitos. Esta situação revoltou os marinheiros, que eram obrigados, por seus comandantes, a assistir a todas as punições aplicadas, para que elas servissem de exemplo. Os soldados se juntavam e ao estampido de tambores traziam o rebelado, despido na parte de cima e com as mãos atadas, iniciando o castigo.A sublevação deu-se quando um marinheiro de nome Marcelino Rodrigues levou 250 chicotadas por ter machucado um companheiro da Marinha no interior do navio de guerra denominado Minas Gerais, que se encontrava a caminho do Rio de Janeiro. Os rebelados assassinaram o capitão do navio e mais três militares. Enquanto isso, na Baía de Guanabara, os insurgentes conseguiram a adesão dos marujos da nau São Paulo. O condutor da insurreição, João Cândido - o célebre Almirante Negro –, foi o responsável por escrever a missiva com as solicitações exigidas para o fim da revolta. O presidente Hermes da Fonseca percebeu que não se tratava de um blefe e decidiu ceder diante do ultimato dos insurgentes. Os marinheiros confiaram no presidente, entregaram as armas e os navios rebelados, mas com o término do conflito o governante não cumpriu com a sua palavra e baniu alguns marinheiros que haviam feito parte do motim. Os marinheiros não se omitiram diante deste fato, estourando outro levante na Ilha das Cobras, o qual foi severamente abafado pelas tropas do governo. Muitos marujos morreram, outros tantos foram banidos da Marinha. Quanto a João Cândido, foi aprisionado e atirado em um calabouço na Ilha das Cobras. Quando se livrou da prisão, encontrava-se emocionalmente amargurado, considerado até mesmo meio alucinado. Em 1912 ele foi julgado e considerado inocente. Historicamente ficou conhecido como o Almirante Negro, aquele que aboliu o uso da chibata na Marinha brasileira.

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